Aranhas.

Hoje meu armário velho abri, o medo me angustiou pois sabia o que estava por vir. Em um súbito ,depois de tanto hesitar, abri-o de vez e junto da poeira vieram as lembranças de um amor sufocado, sonhos esmagados, sulfácidos e homicídios. Caí com força no chão lembrando dos beijos doces que me faziam sufocar, quase cheguei a sorrir, quase fui feliz, até vê-las, Duras e ressequidas como couro velho e fervido, estavam as aranhas, olhando-me e acusando-me pelo que havia feito. A dor veio e não resisti, fechei o armário para nunca mais abri-lo. Porém, eu sabia que não seria a última vez.

 - Efraim Véras.

Náufragos do universo

O que somos nós neste mar confuso?
eu me pergunto

E que destino nos reserva,
por fim,
este bote planetário?

Enquanto não sabemos
vamos (sobre)vivendo
na superfície.

das distâncias

Há peitos e bundas espalhados
nas telas dos nossos computadores.
Há desgraças e maldades
nas manchetes dos jornais.

Meu peito se abre como flor ao mundo.
Floresce. Cresce. Muda. Colore.

Ontem e hoje


Hei que hoje sou
Mais brando
Mais calma
Mais amado

Ontem as trevas me deram
Conhecimentos sobre o perdão
A lembrança,
Esperança,

E por mais que eu pense em mover meus pensamentos
Para frente,
Há sempre uma corda invisível
Me forçando a olhar para trás