Aranhas.

Hoje meu armário velho abri, o medo me angustiou pois sabia o que estava por vir. Em um súbito ,depois de tanto hesitar, abri-o de vez e junto da poeira vieram as lembranças de um amor sufocado, sonhos esmagados, sulfácidos e homicídios. Caí com força no chão lembrando dos beijos doces que me faziam sufocar, quase cheguei a sorrir, quase fui feliz, até vê-las, Duras e ressequidas como couro velho e fervido, estavam as aranhas, olhando-me e acusando-me pelo que havia feito. A dor veio e não resisti, fechei o armário para nunca mais abri-lo. Porém, eu sabia que não seria a última vez.

 - Efraim Véras.

Náufragos do universo

O que somos nós neste mar confuso?
eu me pergunto

E que destino nos reserva,
por fim,
este bote planetário?

Enquanto não sabemos
vamos (sobre)vivendo
na superfície.