Estou no meio da guerra dos porcos
e não tenho lado para defender
nem bandeira para hastear.
Talvez pensem que sou a trincheira
ou as armas de um dos lados
mas eu não sou nada
por enquanto
As lavadeiras do rio foram substituídas
por máquinas de lavar
e eu vejo nos varais
os cérebros secando
Cheio de mordaças
entulhado de amarras
eu não tenho alternativas
a não ser
não ser nada
Com uma marreta
destruindo os muros
e correndo na minha roda
na minha gaiola
pra ver o mundo girar
Como peões num xadrez dantesco
Controlados e manjados por deuses fracos
os jogadores do meu tempo são ruins
Nós temos que fazer nosso xeque-mate
Mas como faremos
se não somos nada?
Eu não sou nada
mas só por enquanto
Vermelho e Laranja
Seria eu uma vela que foi apagada
Daquele candelabro dourado?
Extinguindo a existência da chama
Que supria o calor da minha atmosfera
Seria ele então o ar culpado?
Proposital ou não
Que a luz da vela cessou
Por um suspiro ou sopro direcionado
A mais bela das chamas
Desfeita ao mais forte dos ventos
Deixara em seu leito apenas a cera e o pavio
Não saberia a vela que um forte ser apareceria
Uma madeira de ponta vermelha
Vindo para recomeçar novamente o ciclo
O ardor do amor
Do atrito de nossos corpos
jorram faíscas,
que tornam-se chamas
a nos conflagrar.
O fogo a percorrer
todo o fluxo de vida,
o desejo a queimar
moldando-nos à arte de amar.
humanos
Hoje eu conheci uma mulher
que comprou uma bicicleta ergométrica
e nunca usou
Hoje eu conheci um cara
que compra coisas pela internet
Hoje eu conheci um carteiro
que viola as correspondências
hoje eu vi um mundo ruim
hoje eu conheci um idiota
pobre escritor
que escreve poemas
sobre pessoas que não conheceu
Hoje foi um dia de costuras
e eu não conheci ninguém
que comprou uma bicicleta ergométrica
e nunca usou
Hoje eu conheci um cara
que compra coisas pela internet
Hoje eu conheci um carteiro
que viola as correspondências
hoje eu vi um mundo ruim
hoje eu conheci um idiota
pobre escritor
que escreve poemas
sobre pessoas que não conheceu
Hoje foi um dia de costuras
e eu não conheci ninguém
Gonna to f*ck
Querido, eu achei que seria forte
Querido, eu achei que suportaria
Querido, eu achei que te perdoaria
Mais você me fez sofrer
Você me fez chorar
Você me fez sangrar
Cansei de te ver em tudo
Cansei de você ser meu tudo
Querido, eu acho que ainda te amo
Querido, eu não sofrerei novamente
Você foi minha inspiração
Você tem meu coração
Mais você o esmagou
Você me fez, com esta dor te amar
Por isto Querido, não irei te perdoar.
Heart
Com um simples olhar, meu coração acelera
Com uma palavra meu coração acelera
Com um toque meu coração dispara
Com um simples beijo meu coração entra em colapso.
Lorca II
Procuro por Lorca
e talvez eu seja
o que ele procura
Uma morte de luz que o consuma
A luz está fraca
mas eu tenho a luz
eu tenho a luz
Meus poemas mortíferos
talvez sirvam de morte para ele
queimarei meus poemas
e criarei uma morte de luz
jogarei o corpo inerte de Lorca
no broto da feia fogueira
Farei de mim herói
Uma morte de luz
consumindo-o
E depois
me jogarei lá
completando
o ciclo heróico
eu é viver
brilhar e morrer
Esqueçam a segunda parte
cumprirei as promessas
- brilharei depois da morte
Morrerei brilhando.
e talvez eu seja
o que ele procura
Uma morte de luz que o consuma
A luz está fraca
mas eu tenho a luz
eu tenho a luz
Meus poemas mortíferos
talvez sirvam de morte para ele
queimarei meus poemas
e criarei uma morte de luz
jogarei o corpo inerte de Lorca
no broto da feia fogueira
Farei de mim herói
Uma morte de luz
consumindo-o
E depois
me jogarei lá
completando
o ciclo heróico
eu é viver
brilhar e morrer
Esqueçam a segunda parte
cumprirei as promessas
- brilharei depois da morte
Morrerei brilhando.
Pássaros
Eles disseram que acabariam com a minha região. Lembro-me
de papai falando que o governo tentaria evitar, que ele nos protegeria.
Jamais seriam o suficiente, eles nunca são.
Nem era tão tarde pra que a Lua engolisse o céu e restassem
poucas fendas de luz. Nem era tão cedo pra que o Sol fizesse ser ele a única
visão das sombras. Não sei ao certo se era alvorecer ou crepúsculo, apenas sei
que a Lua brigava com o Sol, tão pouco cavalheiro, por um palco acima de nossas
cabeças, acima de nossas mentes, acima de tudo aquilo que tanto clamamos ser
nosso.
Eram treze pássaros de enxofre que desciam flamejantes em
direção a nós e, ao tocar o solo, abriam-se em forma de flor de morte.
Era isso, apenas isso, que se via de nossa cerra.
Papai dizia que poderíamos escapar, que dava tempo de
fugir. Já estávamos de malas prontas desde o aviso de ataque.
Eu achei que íamos viajar, achei que íamos voltar. Meu
Deus, eu realmente achei que um dia poderíamos voltar àquele lugar...
Mas eu não queria, não, eu não queria ir. Eu queria
ficar. Queria tocar o belo pássaro brilhante. Queria ver de perto sua linda
flor de fumaça. Queria ensurdecer-me com seu grito tentador.
Apenas recordo de mamãe me pondo no colo e tapando meus
olhos. Eu ouvi gritos e senti o cheiro das carnes queimadas.
Meu Deus, eu era apenas uma criança! Não pensava em
guerras... Eu não sabia que havia tantas bombas no mundo.
Despindo inverdades
A respiração tão acelerada,
O medo esbravejando, revirando tudo aqui dentro
É hora de despir-se
E toda a platéia está a observar,
Então mais uma vez, respiro
E expiro toda a vergonha,
Hesitação a dissolver e evaporar
Este é o tempo da sinceridade,
Então que transborde de meus olhos toda a verdade,
Os sorrisos duros pesam em meu rosto,
As palavras não pronunciadas se aglomeram,
É preciso mais que um mero pulsar para saber que se está vivo
Minha mente necessita de compreensão
E eu anseio por seres que me entendam.
Sentimentos personificados
Se meus sentimentos virassem seres animados
Andariam de preto,
Obscuros feito animais noturnos
Gritariam de dor,
Dor que o sentimento amor causou
Se meu amor fosse personificado
Andaria vagando pelo mundo
Espalhando segredos meus
Jamais revelados
Graças a ilusão
Se minha(s) ilusão(ões) fosse(m) personificada(s)
Seria(m) forte(s)
Bruta(s)
E prazerosas
Prefiro ficar com as minhas que sinto neste momento
Obscuras...
Marcadores:
Leticia Vieira
Custo
A vida vale mais que o eu.
Tentei me encontrar nas prateleiras da loja de conveniência, na mercearia da esquina e no achados e perdidos.
Me encontrei no beiral da janela, no oitavo andar.
Me perdi no tapete da sala.
Reapareci no chuveiro, debaixo da água gelada.
Buscar lá, perder aqui, e essa eterna pergunta "onde foi parar?", e a saudade...
Só estender a mão meu bem, está aí.
De tudo não resta nada, o que é o permanecer e o que é o total de existência, a questão em si, uma resposta concreta? Não há.
Doeu um pouco mas esta aí tudo que eu te prometi. O eu, o teu e o tudo.
E o nada.
Marcadores:
Heitor Caban
nu
Eu ando nu em meus sonhos
corro para o nada na cidade
preso num toco inseguro
conto nos dedos a minha idade
Eu deixo os carros caírem
e deixo os prédios implodirem
deixo colocarem as bombas
por entre meus dedos
e deixo que os anos morram
Eu só tenho que salvar uma mão
pra poder continuar
conversando com alguém
Isso não vai durar muito
e eu não sei se quero
parar de contar os anos
corro para o nada na cidade
preso num toco inseguro
conto nos dedos a minha idade
Eu deixo os carros caírem
e deixo os prédios implodirem
deixo colocarem as bombas
por entre meus dedos
e deixo que os anos morram
Eu só tenho que salvar uma mão
pra poder continuar
conversando com alguém
Isso não vai durar muito
e eu não sei se quero
parar de contar os anos
Marcadores:
João Krustin Guimarães
Lorca I
Eu ainda procuro
coisas que me consumam
para a morte lenta e sem dor
Eu procuro ainda um opressor
que me dite regras absurdas
guiando-me à revolução e à loucura
Procuro numa sala vazia
uma multidão que me consuma
procuro nas linhas
o que acho no meio delas
Caminhos que não sei para onde vão
e as regras que ninguém conhece
me agradam por inteiro
Uma morte lenta e contagiosa
uma epidemia de morte
uma poltrona em que eu caiba
e que tenha espaço suficiente
para uma morte lenta e sem dor
Eu procuro uma regressão
que me consuma por inteiro
pois o progresso me enoja
Procuro uma morte lenta e sem dor
Uma que não seja a vida
pois essa morte
eu já cansei de morrer.
coisas que me consumam
para a morte lenta e sem dor
Eu procuro ainda um opressor
que me dite regras absurdas
guiando-me à revolução e à loucura
Procuro numa sala vazia
uma multidão que me consuma
procuro nas linhas
o que acho no meio delas
Caminhos que não sei para onde vão
e as regras que ninguém conhece
me agradam por inteiro
Uma morte lenta e contagiosa
uma epidemia de morte
uma poltrona em que eu caiba
e que tenha espaço suficiente
para uma morte lenta e sem dor
Eu procuro uma regressão
que me consuma por inteiro
pois o progresso me enoja
Procuro uma morte lenta e sem dor
Uma que não seja a vida
pois essa morte
eu já cansei de morrer.
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