Trincheira Turva

Isso me cerca
Persegue
Onde estão as brechas?
Onde estão as mordaças?

Estaria eu calado por não conseguir falar?
Estaria eu calado?

O silêncio grita do outro lado da cidade
Onde está o ar?
É rarefeito
Não raro efeito, o ar de asfixia

Segure
A corda está prestes a se soltar
Segure
Siga
Solte

Deixe que se vá

Tudo vai um dia

Brechas...
Brechas...
Brechas...

Eu procuro
Mas talvez não haja como encontrar

Eu ouço passos do outro lado da cidade
A trincheira me prende por cá
Altera
Cega
Cegueira
Transtorno

Adornos da trincheira

Eu não posso ver
É escuro por aqui
Frio
Chove
E é tudo assim,
Tão
Seco

Talvez haja luz do outro lado da cidade
Eu talvez nem queira ir pra lá
Lar

Eu rasgo uma das trincheiras
Com força
Mas não suficiente
Minhas unhas, agora, estão mais pálidas que antes
Pequenos furos na trincheira
Olhos mágicos
E meus olhos ganham sal

A vista fica embaciada
A trincheira continua aqui
Apesar de tudo












Pulsos.

1 comentários:

Mariana das Neves disse...

Nina, eu que agradeço pela visita e pelas palavras. Eu também não sei se escrevo muito bem, eu tento transparecer o que estou sentido, ás vezes dá certo e as vezes não, o que faz minhas palavras (ao meu ver) parecem vazias.
Eu realmente gostei do texto "Pássaros". Você escreve muito bem, por sinal. Eu gostaria de ter comentado algo mais interessante, mas foi o que senti no exato momento em que o li.

Agora sobre essa postagem, continuo a afirmar que você sabe lidar com as palavras, e de uma forma unica. Eu gosto disso, de coisas singulares. Essa confusão encanta.

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